quinta-feira, novembro 30, 2006

Dica da Semana

Pássaros, aí vai uma dica pessoal. Reflete certos questionamentos que me fiz durante boa parte da minha vida e agora, muito por causa deste livro, me vejo livre de certas opressões ridículas.Simplesmente, na minha humilde opinião, este autor e este livro que apresento agora a vocês é o melhor retrato da sociedade contemporânea e como os indivíduos se relacionam. Com vocês, Amor líquido – sobre a fragilidade dos laços humanos, de Zygmunt Bauman.

Não sei se todos conhecem, mas convém fazer um breve resumo sobre Zigmount Bauman. Professor emérito de sociologia nas Universidades de Varsóvia e de Leeds, na Inglaterra. A área de estudo principal de Bauman é a sociologia, o campo do pensamento que vai ser o ponto de partida e o foco fundamental do retrato sobre a urgência de viver um relacionamento plenamente satisfatório dos cidadãos pós-modernos.

Ao falar das paixões humanas, o genial polonês faz uma referência à liquidez de sensações que estão embutias nas relações humanas atuais. Essa liquidez nada tem haver com a liquidez financeira de potencializa os negócios, e sim com o vazio em que se sustentam às relações. Bauman retrata a urgência em se viver um relacionamento perfeito, onde tudo é bom. Diz que esta busca incessante pelo prazer completa nas relações humanas e, principalmente, num relacionamento amoroso gera a frustração, o vazio, a sensação de que nunca se é feliz de verdade. É aquela história que no final, a gente sempre acha que a grama do outro é melhor...

Não há como assegurar conforto num encontro de amor, nem garantias de invulnerabilidade diante das apostas perdidas, nunca houve. Quem vende propostas de baixo risco são comerciantes de mercadorias falsificadas. Isso é coisa de novela!

No livro, ele aponta diversas dificuldades no amor e faz uma estrita correlação, e muito oportuna, entre as cobranças que a sociedade nos coloca como modelo de sucesso e o vazio final. Bauman é um realista, diz que “nenhuma união de corpos pode, por mais que se tente escapar à moldura social e cortar todas as conexões com outras facetas da existência social”.

Zygmunt Bauman mostra como o amor também passa a ser vivenciado de uma maneira mais insegura, com dúvidas acrescidas à já irresistível e temerária atração de se unir ao outro. Nunca houve tanta liberdade na escolha de parceiros, nem tanta variedade de modelos de relacionamentos, e, no entanto, nunca os casais se sentiram tão ansiosos e prontos para rever, ou reverter o rumo da relação.

Estamos todos mais propensos às relações descartáveis, a encenar episódios românticos variados, assim como os seriados de televisão e seus personagens com quem se identificam homens e mulheres do mundo inteiro. Quem de nós não viveu isso que atire o primeiro alpiste.


Murucututu

5 Comments:

Blogger passarin said...

Isso ae meu camarada....Por isso mais uma vez volto a falar da cultura, da importancia de estar ao lado e envolto de coisas boas, digo positivas, essenciais, pertinentes enfim pássaros, já q somos espelhos do mundo. Falo isso pois morando numa metrópole considerada capital do mundo onde tudo é multiplicado por 10 (a conta, a pressa, cidade) ainda levo a vida devagar para naum faltar amor! Ou pelo menos tento mas de fato só de ter essa noção, me torno apto a remediá-la (a vida é claro).

Um Grande Abraço
Canaríssimo

8:04 AM  
Blogger Naná Bia said...

Belo texto!!!

Este quase foi um tema da minha monografia!

Qual é a propaganda mais difundida, mais poderosa e mais eficaz do mundo? Coca-Cola? Malboro? IBM? Nada disso! É a do amor romântico, perfeito...

Atualmente existe uma campanha, incorporada por todos os meios de
comunicação, que procura nos convencer de que só é possível ser feliz vivendo um romance, que traz a ilusão do amor verdadeiro, tão grande quanto o desejo de vivê-lo. Por isso, poucos suportam ouvir que, apesar de toda a magia prometida, ele não passa de uma mentira. Sem contar que traz mais
tristeza do que alegria, além de muito sofrimento.

Desde que nascemos nos empurram o amor romântico goela abaixo, como se fosse um pacote econômico do governo. Não se discute, cumpre-se. Uma criança de um ano, por exemplo, já toma sua sopinha assistindo à novela das
sete. Na hora de dormir, a mãe conta a história de Branca de Neve ou Cinderela, e assim por diante.

Todas expectativas e idéias do amor romântico são passados como uma única forma de amor, e aprendemos a sonhar e a buscar um dia viver tal encantamento.
Entretanto, são várias as mentiras que o amor romântico impõe para manter a fantasia do par amoroso idealizado, em que duas pessoas se completam, nada mais lhes faltando.
Como nenhuma delas corresponde à realidade, em pouco tempo de relação vêm a decepção e a frustração. No amor romântico idealizamos a pessoa amada e projetamos nela tudo que gostaríamos de ser ou como gostaríamos que ela fosse. Não nos relacionamos com a pessoa real, mas com a inventada. É claro que, na intimidade da convivência do dia-a-dia, para manter a idealização a conseqüência natural é o desencanto.

É por isso que se faz tanta música de dor de amor. E, para completar, todo mundo adora, inclusive eu!

Viajando um pouco menos...

Amar é um exercício e passa pela fase da escolha. Sim, se escolhe amar. Se sentir atraído por alguém é bioquímica e propaganda. Amar alguém é escolha. É escolher descer a pessoa do pedestal. É aceitar seus defeitos e não
esconder os seus próprios. É parceria.

Contraponto....

Tirar o amor do pedestal é humanizar o amor e não destruí-lo. É acreditar na família e sua função na sociedade e no indivíduo. É ter compromisso, não por ter deixado de sentir atração por outra pessoa em algum momento, mas por respeito a um objetivo comum, por respeito a sentimentos alheios que, por mais que DEVAMOS racionalizá-los, continuarão sendo ao final da lapidação, sentimentos genuínos.

Amar é crescer espiritualmente. É lembrar que, como o amor romântico, o sexismo e o individualismo que reinam também são propaganda e com certeza
rendem mais dinheiro.

Independente de qualquer modelo de
felicidade, o importante é viver, sorrir, por fora e por dentro também! Nossa felicidade
independe de fatores externos!

9:11 AM  
Blogger passarin said...

Sei não amigos, acho que cada pessoa tem uma experiência pessoal e constrói sua dialética em cima disso. Entendo toda essa idéia do amor estereotipado que nos passam, mas o dia que pararmos de sonhar, vai ser o dia da nossa morte.

Às vezes quando terminamos um relacionamento, achamos que tudo dali pra frente vai ser da mesma forma; que já sabemos tudo sobre a vida. Mas existe uma frase da Clarice Lispector que é algo do tipo "Não se preocupe em entender a vida. Viver ultrapassa todo o entendimento".

Na minha humilde opinão, tendo a concordar com o canário. Acho que o importante é essa diversidade de vozes falando dentro da sua cabeça. "levo a vida devagar pra não faltar amor" é legal, mas um pouco de Megadeth talvez (?), falando "people clutter in the gutter, take a look and see" também é válido.

A sabedoria de vida talvez seja realmente isso; saber onde está o limite entre o sonhar demais e o ser realista demais. Se alguém souber, por favor, me avise.

Bentíva

11:01 AM  
Blogger passarin said...

eu quero uma cópia do "Amor Líquido"

rs... mas é sério.

"Pombo"

11:24 AM  
Blogger passarin said...

Coruja comentou esta manifestação fora de lugar, acima.

Os passáros mesmo sem querer subvertem a "ordem".

Coruja

11:11 AM  

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